De acordo com calendário de lutas da União Geral dos Trabalhadores, atos serão regionalizados

Representantes do Sincomerciários de Votuporanga, liderados pela presidente Lia Marques, participaram nesta quinta-feira, em Tupã, de um seminário estadual, realizado pela União Geral dos Trabalhadores do Estado de São Paulo (UGT/SP), que discutiu a conjuntura atual do país, os reflexos das reformas trabalhista e previdenciária patrocinadas pelo governo, aprovou a “Carta de Tupã” e definiu um calendário de lutas da Central para barrar essas medidas tão prejudiciais aos brasileiros. Ao todo, 311 dirigentes de entidades filiadas participaram do evento, no Clube dos Comerciários de Tupã.

De acordo com o calendário de lutas, as manifestações contra as reformas do dia 30 de junho serão divididas regionalmente, acontecendo concomitantemente em: São Paulo, Campinas, São José do Rio Preto, São José dos Campos e Ribeirão Preto.

Na abertura, Luiz Carlos Motta, presidente da UGT-SP e da Fecomerciários, agradeceu a todos pela participação e envolvimento no evento. “Contamos com o engajamento de todos os nossos filiados nesta nova etapa da UGT Estadual. O momento de crise e instabilidade do País não permite mudanças que afetem a classe trabalhadora. É preciso haver um intenso debate. Nossa Central entende que a reforma trabalhista representa forte retrocesso nas relações capital e trabalho; fere a dignidade humana, amplia as desigualdades sociais e enfraquece os sindicatos. Precisamos lutar para acabar com estas reformas e promovê-las com a prévia participação de todos”.

Ricardo Patah, presidente nacional da UGT, parabenizou Motta por valorizar o interior do Estado ao realizar o seminário em Tupã. “Não somente a Capital deve ser protagonista, mas o Interior também. Eu me orgulho de poder estar dialogando com todos vocês nesta reunião em prol da nossa unidade”.

Por sua vez, Amauri Mortágua, presidente do Sincomerciários de Tupã, disse: “Na qualidade de vereador desta cidade, eleito pelos trabalhadores, espero que este seminário seja extremamente eficiente para conseguirmos traçar um plano imediato de lutas contra as reformas neoliberais”.                      

O evento foi ao encontro do chamado das Centrais para as manifestações de 20 a 30 de junho, que culminará com uma nova greve geral em defesa dos direitos sociais e trabalhistas. Nesse período, o foco é ampliar a mobilização em todos os Sindicatos, cidades e Estados, reforçando o contato com deputados federais e senadores para barrar as reformas.

No evento foi aprovada por unanimidade a “Carta de Tupã”,  documento, com 15 resoluções, contendo o posicionamento da UGT contra as reformas neoliberais do governo, a defesa dos direitos dos trabalhadores e as ações para fortalecimento da Central. 

Em entrevista, Lia Marques falou sobre a importância do evento para o fortalecimento e união dos trabalhadores, além de se comprometer a incluir trabalhadores votuporanguenses na manifestação regional de Rio Preto, dia 30 de junho, onde trabalhadores de Fernandópolis, Rio Preto, Jales, Barretos, Araçatuba, Votuporanga e Catanduva se reunirão a partir das 10h. “Estamos confiantes e vamos fazer nosso trabalho em prol do trabalhador, nos colocando totalmente contra essas reformas absurdas que precarizam as relações de trabalho. Não aceitamos nenhum direito a menos!”, finalizou a presidente do Sincomerciários de Votuporanga.

“Carta de Tupã”

A União Geral dos Trabalhadores do Estado de São Paulo (UGT/SP), reunida em Tupã, dia 22 de junho de 2017, a fim de consolidar suas estratégias de ação combativas às reformas trabalhista e previdenciária, entende que sua atuação junto às entidades filiadas e aos trabalhadores por ela representados deve estar cada vez mais engajada e comprometida, entre si, e com a UGT Nacional, no enfrentamento destas propostas do governo federal, lesivas aos trabalhadores, aposentados e pensionistas.

Estas reformas podem até ser necessárias, mas no formato proposto revelam ser uma ameaça à proteção social e significarão enorme retrocesso cidadão. Daí, nosso compromisso em combater e denunciar o caráter perverso das reformas que prejudicam, principalmente, os mais pobres, ou os que dependem de salário ou de benefícios previdenciários ou assistenciais.

Unida, participativa e mobilizada no Congresso Nacional, na mídia e na sociedade em geral, a UGT/SP reitera a sua posição de exercer um sindicalismo de resistência. Esta resistência conjunta com as suas entidades filiadas não se opõe à atualização das relações de trabalho. Repudia, entretanto, as práticas antissindicais e toda e qualquer forma de precarização e retirada de direitos trabalhistas e previdenciários.

A UGT/SP não aceita, passivamente, o desmonte do Estado em favor do capital e da precarização do trabalho. Conclama a todos que têm compromisso com o País e com a paz social para lutar e impedir a demolição das relações capital e trabalho. Nossa Central não está alheia a esta investida neoliberal e cumprirá sua missão de defender os trabalhadores e as trabalhadoras do Estado de São Paulo com a preservação do bem-estar social e das conquistas do movimento sindical brasileiro.

As 15 propostas a seguir têm como objetivo reforçar a presença da UGT/SP em toda a sua base com a reafirmação das suas bandeiras de luta, bem como das suas contribuições para a superação das crises nacionais. Neste quesito deve prevalecer a manutenção e a geração de emprego, renda e preservação dos direitos.

Propomos:

1 – Pressionar para que as reformas trabalhista e previdenciária sejam rejeitadas no Congresso Nacional.

2 – Fortalecer a luta contra intervenções na estrutura e na organização sindical.

3 – Ampliar a defesa e a viabilidade da pauta unitária da classe trabalhadora, aprovada na Conclat de 2010.

4 – Fazer valer as reivindicações do documento unitário “Compromisso pelo Desenvolvimento”, assinado pelas Centrais.

5 – Numa conjuntura de recessão, inflação, desemprego, juros altos e consumo retraído, potencializar a apresentação de propostas para incentivar a retomada da indústria, do comércio e serviços.

6 – Utilizar os meios de comunicação, ainda mais as redes sociais das entidades, para desmascarar a alegação do governo de que a retomada do crescimento econômico será alcançada decretando o fim dos direitos trabalhistas, sociais e previdenciários.

7 – Manter cuidado redobrado sobre o interesse de o governo favorecer a visão rentista contra os trabalhadores, que inibe a produção interna.

8 – Incentivar o diálogo da UGT/SP com os poderes Executivo e Legislativo federais para ampliar nosso repúdio contra as reformas, com firme participação da Central nos atos que visem este fim. 

9 – Fortalecer a representatividade sindical desde o local de trabalho.

10 – Intensificar o trabalho de base, inclusive com campanha de filiação, e organização de seminários e debates sobre a conjuntura.

11 – Promover cursos de formação político e sindical, bem como fornecer, gratuitamente, aulas de oratória e comunicação, a fim de formar novos quadros.

12 – Produzir material de referência sobre os temas de interesse do movimento sindical.

13 – Atrair jovens e mulheres para o movimento sindical.

14 – Fomentar articulações com os demais movimentos sociais.

15 – Definir um calendário de eventos previamente agendados aberto aos trabalhadores.

Saudações Sindicais

Tupã, 22 de junho de 2017